OS INFLUENCERS CRISTÃOS E A VIDA DA IGREJA!
Acabei de ler um belíssimo artigo de Mauro Nascimento em que ele reflete a realidade dos influencers católicos e a crise do chão paroquial. Ele nos chama atenção para o descompromisso com a paróquia real e o compromisso com os influencers que muita das vezes vai refletir na vida das Igrejas locais e na sua dimensão financeira.
A cada tempo surge no mundo católico como também protestante, esses fenômenos que atraem milhares de pessoas para junto de si, sobretudo, neste tempo das mídias sociais. É inegável que eles fazem o bem, reaproximam as pessoas de Deus e tudo isso é positivo e bom!
Porém as pessoas estão perdendo o sentido comunitário, o desejo de estar na igreja para vivenciar a sua fé e viver os desafios da missão. Me recordo de uma senhora que após a pandemia afirmou que não precisava ir à igreja. Fiz algumas perguntas: Como participar da Eucaristia de forma real? Como receber o perdão dos pecados? Como receber os sacramentos? (…) Ela não me respondeu nada. Viu que era necessário ir à Igreja real!
O perigo de vivermos uma fé midiática, intimista e independente, sem o compromisso real com a comunhão das pessoas que junto de nós constrói o Reino de Deus é danoso para o presente e o futuro das nossas Igrejas. Precisamos estar atentos!
É urgente que nossas instituições religiosos saibam acompanhar esses padres, freis e pastores no sentido de colocar orientações para ajudá-los a discernir que suas pregações e práticas religiosas não substitui a vivência comunitária da fé.
Outrossim, o discurso não pode estar desalinhado com o que diz à Igreja para não haver conflitos entre as pessoas e seus lideres religiosos. Infelizmente, já cansei de ouvir: o padre X ou frei Y disse isso e o senhor o contrário? Aí o caos vai sendo instalado. Para nós católicos não podemos deixar de viver em sintonia com o magistério da Igreja e sua tradição. Hoje com o nosso amado Papa Francisco e à nossa Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Jamais devemos esquecer que a Igreja é o Corpo de Cristo. Nenhum membro de um corpo pode subsistir sozinho, sem o resto do corpo (1 Coríntios 12, 21-22). Quer gostemos, quer não, as pessoas na igreja são nossa família e temos de aprender a viver com elas. Não podemos desprezar a Igreja!
Ninguém na igreja é perfeito, nem mesmo o padre ou pastor. O próprio apóstolo São Pedro cometeu erros e no entanto o Senhor Jesus o tornou primeiro Papa da Igreja. A Igreja nunca foi um lugar de pessoas perfeitas. Deus ordenou que a Igreja se reunisse para juntos tratarmos de nossas imperfeições.
O Papa Francisco tem afirmado que a Igreja deve ser um lugar para todos, acolhedor e aberto a quem a procura. Ele também tem dito que a Igreja não é um museu, mas um local de progresso.
Como diz Mauro nascimento é na Igreja que se batiza, se confessa, se casa, se enterra, se cuida dos pobres, se visita os doentes, se faz um acompanhamento espiritual. Até porque nenhuma dessas lideranças midiáticas estão presentes no corpo a corpo com as pessoas. O bônus da missão recai nas nossas igrejas. Não é justo que esses religiosos recebam valiosas contribuições financeiras e deixem nossos comunidades locais a ver navios!
Não quero de modo algum desrespeitar e desmerecer esses grandes vultos religiosos midiáticos, porém jogar luz a essa situação e refletirmos juntos, mostrando que a Igreja real nunca poderá ser substituída pelas mídias. Podemos assistir, até porque todos tem sua liberdade, porém ninguém pode se sentir dispensado de viver sua fé na igreja concreta.
Precisamos recordar o que diz o Salmo 122,1: “Alegrei-me com os que me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!” E continua o Salmista: “você, com quem eu partilhava
agradável comunhão enquanto íamos com a multidão festiva para a casa de Deus!” (Salmo 55,14) Não podemos deixar de citar Mateus 18,20 onde Jesus diz: “porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.”
O grande Concílio Vaticano II afirmou que a Igreja é um sacramento de salvação, dirigida pelo Espírito Santo. Portanto, Cristo está sempre presente nela, principalmente nas ações litúrgicas. A Igreja contém e comunica a graça invisível que ela significa. Sendo assim, fica evidente que não podemos substituir a Igreja pelas redes mídias sociais!
Não podemos viver sem ela, não fomos feitos para existir enquanto cristãos sozinhos. Não sou eu quem o digo, foi Jesus quem ensinou, o tempo todo que viveu nesta terra.
Podemos ver em Efésios que a Igreja era tão importante para o Senhor Jesus, que foi por ela que Ele morreu (Ef 5,25); na mesma carta, vemos como a igreja é o corpo de Cristo, que precisa de todas as partes ligadas, ajustadas e em funcionamento, para que se desenvolva, permaneça e cumpra a sua função e missão.
Ressalto ainda que um dos membros do corpo que nunca está junto não tem vida e nem funciona, da mesma maneira que uma família que nunca se vê ou se encontra, se desliga. Assim é à Igreja!
A igreja, mesmo com todos os seus problemas e defeitos, já que é composta por pecadores, é uma comunidade de amor, e o amor, como qualquer outro dom, não pode se desenvolver solitariamente, nem pode se manter saudável fora da comunidade da fé. Afastar-se da igreja, portanto, implica afastar-se de Deus. Eis porque a igreja é importante na vida de todo cristão.
Vou concluindo com o pensamento do teólogo e cientista da religião Jung Mo Sung : “A igreja é importante porque é o espaço de convivência de fé e de mútuo perdão, sendo o fundamento da vida e da fé da comunidade”.
Ele está no meio da sua Igreja para nos encorajar com a sua Palavra, ele está no meio da sua Igreja para derramar a sua bênção sobre nós, a fim de que verdadeiramente sejamos unidos na adoração, unidos na oração, na comunhão sacramental e na edificação mútua, fortalecidos no Senhor Jesus e na força do seu poder, a fim de que, como consequência natural, sejamos uma Igreja unida na evangelização, pelo testemunho de uma vida santa, para o louvor da glória de Deus.
É isso que o Senhor Jesus quer de nós como sua Igreja. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz à Igreja. Que Deus nos abençoe! Amém.
Pe Marcelo Campos da Silva D’Ippolito