Textos

A RADICALIDADE NA IGREJA É NECESSÁRIA?

A Radicalidade na Igreja é necessária?

Para iniciar a nossa conversa, trago o significado da palavra radical que vem do latim radix (raiz) e radicalis (relativo a raiz). Portanto, radicalidade significa autenticidade, pois remete a irmos até a raiz da questão. Em nosso caso a vivência do Evangelho que se encarnou entre nós: JESUS CRISTO, o filho do HOMEM!

O grande exemplo de radicalidade para nós é Jesus que remou contra a maré da sociedade de sua época. Seu ensinamento foi completamente diferente das coisas que existiam ou as leis já aplicadas pelo sistema religioso que estava atrelado a política. Hoje onde muitos pensam em atrelar a religião a política partidária, que é um grande mal. Porque todo sistema político trazem em si suas imperfeições e divisões. 


Vivenciar o Evangelho em sua profundidade e radicalidade, e irmos além de uma visão míope que se atrela aos falsos profetas e as lideranças políticas que trazem consigo seus interesses mesquinhos e dos grupos sociais que eles representam!

Todos nós cristãos precisamos viver o “Evangelho de forma radical” e este é permanecermos enraizados em Cristo, nas Sagradas Escrituras e no Magistério da Igreja. Esse é o caminho seguro! Não há outro! Em outras palavras, é a escolha radical por Deus, que fazemos como filhos seus e como irmãos entre nós. Deus considerado por nós como valor absoluto, único ponto de partida e de chegada da nossa vida.

Agora quero adentrar para dentro da vida eclesial e olharmos para nossas pastorais, movimentos e associações.

Nesta jornada de vinte e quatro anos de sacerdócio tenho vivenciado muitas atitudes lindas de clérigos, religiosos (as) e leigos, que sabem viver a radicalidade do evangelho e ao mesmo tempo o equilíbrio espiritual e humano, no exercício das diversas atividades pastorais e dos movimentos.

Por outro lado encontramos os que são radicais na vivência do formalismo doentio da observância das regras e das leis que em vez de contribuir para o crescimento das mesmas, afastam as pessoas e criam a doença do egocentrismo. São aqueles que se intitulam “sabedores” do conhecimento teológico, espiritual e litúrgico. Sabem mais do que o Papa em todas as ciências teológicas. São os “doutores”!

É triste quando se põem regras para tudo, lógico que estas são necessárias, mais não podemos viver escravizados por elas. Não se pode fazer nada que esteja fora das normas.

Em tudo devemos buscar o equilíbrio e não causarmos o afastamento das pessoas por sermos escravos da radicalidade das regras e suas formalidades. Tudo é possível de flexibilidade de mudanças desde que não fujamos da essência.

Vou concluindo afirmando que o amor é o termômetro. Se há amor, não há radicalismos, pois se respeita a si para não se cair em exageros, respeita-se o próximo para não lesá-lo em sua dignidade e liberdade; e se respeita a Deus, para não usá-lO como justificativa para os próprios interesses. Mas o amor é essencialmente radical, pois é doação de si para o próximo e para Deus. Na doação desfaço-me do que é meu para dar ao outro e isso é radical. No entanto, o amor é sábio para ponderar a harmonia na vivência das virtudes que ele implica, a da paciência, da temperança, da mansidão, do perdão, da justiça e da doação… Ou seja, na maneira prática de amar em cada situação que a vida nos apresenta!

“A verdadeira doutrina é árdua, mas não engana”, dizia São João Paulo II. Não nos enganemos, pois, como disse o Papa Emérito Bento XVI aos jovens, Jesus não nos tira nada do que é bom, verdadeiro e belo. O Evangelho é radical e o seguimento de Cristo nos insere nessa radicalidade, a radicalidade do amor, a única que nos faz radicalmente felizes. O segredo de tudo é o AMOR!

Pe Marcelo Campos da Silva D’Ippolito

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *