Se você quiser ler um livro que fale da história do cristianismo primitivo sob uma perspectiva dialética, este é uma boa opção. Os autores fazem uma análise crítica da história eclesiástica, rompendo com o modelo de se estudar essa história sob a perspectiva tradicional. Segundo eles, a história que chegou ao nosso conhecimento deve ser questionada, pois foi documentada por meio da ótica dos poderosos.
Assim, os autores se utilizam de todo tipo de registro, incluindo livros denominados apócrifos pela teologia, como o Didaquê. Como parte da ideia de que não se pode confiar plenamente na história contada sob o ponto de vista dos ricos, todos os registros são examinados sob uma visão crítica social, mostrando, por exemplo, a situação de opressão econômica a que os primeiros cristãos eram submetidos, ao ponto de terem de morar em meio às ruínas dos muros de Jerusalém. Sob esta ótica, o sentido de se repartir tudo o que se tinha, conforme o modelo registrado no livro de Atos, era a forma mais primitiva e ao mesmo tempo mais prática e funcional de se minorar as dantescas diferenças sociais e a própria pobreza no seio da igreja, promovendo justiça social.