Texto escrito pelo Pastor Alexandre Gonçalves e Publicado na Folha de São Paulo
Seu próprio pastor e ‘mentor espiritual’ afirma que esse candidato não tem o comportamento de um cristão.
Podemos chamar o texto a seguir de um “react” à experiência de assistir à entrevista de Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo, no programa Roda Viva da TV Cultura, no último dia 2.
Escrevo como pastor pentecostal que vê com pesar a minha fé cristã sendo usada para fins políticos. Vou, então, registrar o que eu perguntaria ao candidato se tivesse tido a oportunidade de estar naquela bancada.
Perguntaria a ele quem o autoriza a batizar pessoas, visto que é uma ordenança de caráter sério para nós evangélicos e ele o fez sem ter sido ordenado como ministro para fazê-lo. Ele teria que dizer qual a igreja que o ordenou e, sendo assim, as perguntas consequentes iriam medir sua fidelidade a esta igreja/denominação.
Na mesma linha eu o questionaria sobre o vídeo em que ele faz uma oração para uma mulher ser curada de paralisia. Ela estava em uma cadeira de rodas, não foi curada e ele disse que isso aconteceu por culpa dela, por ela não ter tido fé. Isso, segundo a Bíblia, o tornaria um “falso profeta”, pois falou algo que não se cumpriu (Deuteronômio 18:22), passível de ser amaldiçoado por Deus, por usar seu nome santo em vão (Êxodo 20:7).
Além disso, esse caso o expõe como uma pessoa cruel, ao submeter uma pessoa com deficiência a mais um sofrimento. O que ele teria a dizer sobre isso? Estaria ele sendo um “anticristo”, como diz a Bíblia em I João 2: 18, 19, sobre aqueles que se dizem cristãos, mas afrontam os princípios bíblicos?
Nem os ensinamentos do pastor que ele diz ser seu mentor espiritual, líder da Igreja Videira, o pastor Aluízio Silva, ele segue. Na apostila “Curso de Maturidade Espiritual” escrita pelo referido pastor (Editora Videira, 2011), quando descreve as “Característica de Alguém não Regenerado”, o autor repreende a pessoa que usa sua boca de forma carnal, ou seja, que fala cotidianamente palavras ofensivas aos outros. Essa pessoa não é regenerada pelo Espírito Santo e, portanto, não é cristão.
Seu próprio pastor e “mentor espiritual” afirma que o comportamento desse candidato e propalado membro de sua igreja não tem o comportamento de um regenerado, ou seja, de um cristão. E isso é evidente porque o que ele mais fala são palavrões, linguajar baixo e sujo, que não convém a quem tem temor de Deus. Eu me envergonho disso e espero que o pastor dele também.
A Bíblia diz que a boca fala do que está cheio o coração (Lucas 6:45) e também diz claramente, se referindo à língua, que de uma fonte não pode sair água doce e amarga (Tiago 3:11). Há ainda o conselho do apóstolo Paulo quando diz que não deve sair de nossa boca nenhuma palavra torpe, apenas a que promova a edificação (Efésios 4:29).
Correto está o pastor Aluízio ao descrever que essa conduta não tem nenhuma relação com um cristão, nascido de novo pelo Espírito. Como dialogar com alguém que nem se comporta de acordo com o que diz ser: um cristão da Igreja Videira?
Que a igreja evangélica não produza mais esses tipos de anticristo, exportando-os para o mundo das pessoas que não creem e que, por conseguinte, não deveriam arcar com as consequências da gestação dessas criaturas.
Que Deus tenha misericórdia de nosso país.