Todo mundo tem direitos ou não?
O Brasil de forma lamentável chegou na marca de 100 mil mortos pelo COVID-19. Infelizmente, não é uma gripizinha. Ele mata a todos os que estiverem vulneráveis, inclusive os atletas. E quanto aos coveiros? Estes sim, à exemplo da classe médica, estão tendo muito trabalho…
A responsabilidade é de quem? Sempre queremos achar um responsável, lógico que não podemos isentar ninguém, e sobretudo, aqueles que são os primeiros responsáveis em promover a saúde do nosso povo, sejam nas esferas: federais, estaduais e municipais.
Está na carta magna da nossa nação a constituição federal da qual cito o Art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Neste período crônico da pandemia vimos o desvio das verbas para construção dos hospitais de campanha aqui no Rio de Janeiro, o governo federal teve a destituição de dois ministros da saúde porque não puderam trabalhar seguindo os protocolos da OMS… É inadmissível não termos um ministro da saúde, em tempo de pandemia, porque o senhor presidente acredita num tratamento que não é aprovado pela medicina e nem pela OMS: a cloroquina. E as interferências ideológicas de grupos que apoiam essa política nacional! Não podemos isentar nossos líderes da culpa dessas mortes, seja por causa da nossa simpatia político-ideológica e nem deixar de culpá-los. É preciso ter honestidade e jamais “passarmos a mão” na cabeça deles. A culpa dessas mortes em grande parte é deles, não podemos “tampar o sol com a peneira”. Omissão diante de um fato notório desses para nós cristãos é pecado!
Quero ilustrar esse direito(à saúde )com a música do grande cantor Ney Matogrosso intitulada Rua da Passagem (Trânsito) e no refrão que assim ele canta: “Todo mundo tem direito à vida
E todo mundo tem direito igual
Todo mundo tem direito à vida
E todo mundo tem direito igual”.
Para o nosso tempo de pandemia e de tanto desleixo, descasos e irresponsabilidades das nossas lideranças políticas essa música soa como nosso protesto que nem todo mundo tem direito à saúde e por isso chegamos a marca vergonhosa dos 100 mil mortos.
Até quando teremos que conviver com essas posturas irresponsáveis dos homens do poder? E pior de tudo isso é vermos homens e mulheres querendo isentar seus líderes políticos da culpa dessas mortes. Não podemos cair numa frieza, insensibilidade social tão cruel diante de tantas famílias enlutadas pela perda de seus pais, mães, filhos, avós e avôs… O direito nos é assegurado como afirma a constituição e tão bem canta o refrão da música citada anteriormente… Mas é utópico acharmos que o direito é para todos, quem tem recursos financeiros tem outro tipo de tratamento e quem não tem entra nas estatísticas negativas.
É o país da utopia, das injustiças sociais que vão roubando o direito e as vidas.
Nos resta pedir o auxílio de Deus para nos livrar desse vírus que ameaça, que ronda-nos e que cria em nós o pânico e o medo, sobretudo diante das dificuldades sociais já mencionadas.
Vamos fazer nossa parte e jamais sermos coniventes com aqueles que tem o compromisso de promover a saúde, além de tudo porque eles fizeram um juramento no dia da posse de cumprir a constituição federal, este sendo um dos cumprimentos é a saúde e neste tempo de pandemia é de urgência! Reflitamos!
Pe Marcelo Campos
Pároco SJR